Seja, Bem Vindo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Indústria Nacional

Os altos e baixos do cenário nacional de jogos.

Os últimos meses foram realmente impressionantes para a indústria internacional de games. Jogadores do mundo inteiro puderam se divertir com lançamentos como os das expansões de Grand Theft Auto ou ainda com a continuação da sérieCall of Duty: Modern Warfare, disponível para Xbox 360, PCs e PlayStation 3.

O resultado? Algumas das maiores vendas e lucros já registradas no setor de entretenimento, superando de longe algumas produções cinematográficas. Estes fenômenos de venda estão "na boca do povo", seja na periferia, nos bairros mais ricos dos Estados Unidos e até mesmo no Japão.

Representatividade  nacional?

Mas e em nomes como City Rain, Taikodom, Bola de Gude, Capoeira Legends ou até mesmo iniciativas como o NAVE, você já ouviu falar? Infelizmente, a verdade é que o Brasil até hoje — apesar dos milhões de jogadores assíduos espalhados pelo país — não tem praticamente nenhuma representatividade no mercado de jogos, nem mesmo em nível nacional!

No especial de hoje será traçado um panorama completo da indústria nacional de jogos. Não referente apenas à situação das desenvolvedoras brasileiras, afinal de contas, será comentado um pouco a respeito das políticas de taxação, da pirataria, da formação dos profissionais e até mesmo da questão cultural. Confira!
Taxas e mais taxasO que já não era acessível se torna simplesmente inalcançável

Quando o assunto do debate é a situação atual da indústria nacional de jogos, o primeiro tópico que surge é indiscutivelmente a pirataria (já abordada em outro de nossos especiais). É verdade: boa parte dos jogadores brasileiros opta pela compra — ou download — de conteúdo ilegal.

Mas qual a razão para isso? A principal é o custo mais do que proibitivo dos jogos originais. Isso se deve principalmente às políticas de taxação nacionais sobre todo produto eletrônico. Quem encomenda de sites como o eBay, por exemplo, deve pagar 60% a mais do valor total do produto somado ao frete, sempre que este custo excede US$ 50.

Essa regra é válida apenas para envios de pessoa física para pessoa física, ao passo que importações advindas de lojas sempre estão sujeitas à taxação (o processo na Receita Federal é aleatório, mas esteja preparado). Mas para algumas lojas daqui, que revendem oficialmente os jogos, a taxa de importação ultrapassa a marca de 90% sobre o valor do jogo somado ao frete.

Subindo o preço

Como resultado, os jogos que são comercializados por cerca de US$ 60 lá fora (o que já é motivo de discussão) não chegam aqui por nada menos do que R$ 199,99. Em algumas situações o preço bate na exorbitante marca dos R$ 279. É o caso das pequenas redes de lojas (legais), que se espalham gradativamente pelos shoppings e centros comerciais das grandes capitais, acrescendo ao preço ainda seus custos operacionais.

Mas quem seria capaz de pagar tão caro pelos games? A maioria dos gamers e adolescentes é que não! Restam na equação apenas os pais e amigos, dotados de ótimos salários, dispostos a satisfazerem as necessidades alheias...

As vendas online

Logo, a opção mais viável é a compra online dos jogos por meio dos canais de distribuição digital. O mais famoso de todos por aqui é o Steam (da Valve), que oferece compra instantânea com cartão de crédito internacional de jogos inteiros para computador. A vantagem é que a transação é direta, isenta de impostos até o momento (até que o Governo resolva interceder?), além dos descontos de fim de semana.

Serviço de distribuição Steam

Infelizmente, não são todos os títulos que são disponibilizados por meio de download digital. Esse é o caso principalmente dos consoles desta geração: o Wii, o Xbox 360 e o PlayStation 3, que oferecem conteúdos — em sua grande maioria — diferenciados para download, permanecendo as grandes produções em mídia física, seja ela DVD ou Blu-ray.

Para piorar ainda mais a situação, as redes online de nenhuma dessas companhias foi lançada por aqui, logo é necessário driblar os esquemas de certificação de endereços com a compra de cartões de pontos ou cartões de crédito internacionais sem certificação de endereço. Nem mesmo a Microsoft (que já oferece suporte nacional) lançou a Live por aqui.

O PlayStation 2 no “Brazil”: 2009

Esse ritmo atrasado de lançamentos no Brasil não é novidade para ninguém, haja vista que a maior companhia nacional de jogos, a TecToy, continua a vender versões do jurássico Mega-Drive com músicas ao estilo Guitar Hero. A nova aposta é o Zeebo, mas o console não empolgou, afinal de contas, jogos de celular o pessoal tem no bolso e por muito menos...

Console chegou  oficialmente só em novembro

E mais de três anos depois do lançamento da terceira geração da família PlayStation é que nós brasileiros pudemos acompanhar — em novembro do ano passado — a Sony trazendo oficialmente o PlayStation... 2!

O fato foi motivo de sátira em muitos cantos do globo, sem dúvidas. Contudo, não podemos deixar de observar um lado positivo de toda essa história: a presença das companhias, por mais que atrasada, é um primeiro passo na abertura de um canal de comunicação mais forte com o Governo, seja por meio de investimentos, de lobby ou pela geração de empregos.

A aprovação
Ao invés de fiscalização e certificação, temos mais uma barreira

Se as taxas e a falta de suporte oficial das companhias no país para os produtos de última geração já são enormes problemas, ainda temos mais outra pedra pelo caminho: o Ministério da Justiça exige que todos os jogos distribuídos oficialmente por aqui passem por uma avaliação, de forma que recebam suas devidas classificações etárias (ou melhor, uma “reclassificação”, já que o conteúdo já chega avaliado).

Imagem obtida através do relatório de 2008

O processo — chamado de Classificação Indicativa — é bem lento, tanto que pouco mais de 140 jogos são devidamente liberados a cada ano (e a maioria pertence ou à Electronic Arts e à Ubisoft). Se compararmos ao ritmo de lançamentos, a média é no mínimo ridícula. As soluções seriam a eliminação da burocracia ou a criação de uma agência dedicada (a exemplo dos órgãos internacionais como ESRB nos Estados Unidos e CERO no Japão).

A questão do iPhone e da AppStore
Games pro Iphone? Só  nas versões internacionais!

Esse requerimento imposto pelo Ministério da Justiça — embora nunca mencionado pela Apple — talvez seja a principal razão para a empresa não distribuir absolutamente NENHUM jogo através da sua loja online para iPods e iPhones: a AppStore. Já pensou, ter que avaliar centenas de produtos novos por dia?

Quem possui uma conta no serviço pode conferir: se o país selecionado é a Argentina ou o Canadá, por exemplo, surge a categoria de jogos e muitos outros aplicativos inéditos a preços bem acessíveis. A mudança de país para o Brasil traz uma redução drástica no conteúdo, que se limita a aplicativos, pequenos livros e redes sociais.

Alguns donos dos aparelhos podem tentar corrigir, dizendo que existem jogos como paciência ou de corrida, mas notem que todos eles estão listados sob a categoria de entretenimento, não de jogos. Essa é uma das manobras que os desenvolvedores criaram para driblar as burocracias.

Isso funciona, por mais triste que pareça, como um incentivo para que muitos busquem o desbloqueio de seus aparelhos de forma a baixarem conteúdos pirateados. Outra saída reside uma vez mais sobre o cartão de crédito internacional e sobre o registro indevido de endereço: a criação de uma conta no exterior, com endereço falsificado.

A proibição está a caminho!?

Em dezembro do ano passado, ainda tivemos o início de mais uma ameaça ao cenário nacional de distribuição e produção de jogos, que foi o projeto de lei proposto pelo senador Valdir Raupp. Por ele, a lei 7.716/89 seria alterada, de forma a punir como crime toda a distribuição, importação, comercialização e armazenamento de games ofensivos aos costumes ou à tradição do povo.

A pena, caso o projeto seja aprovado, vai variar de um a três anos de cadeia, enquanto outros crimes de violência não chegam a esse tempo. Entretanto, o mais curioso é pensar: como e quem classificará os jogos como violentos? Trata-se de censura? O que será de Grand Theft Auto, Call of Duty e os outros "blockbusters" da indústria?

Gran Theft Auto IV
Gran Theft Auto com certeza seria vetado

A realidade é que a aprovação de tal modificação na lei não seria um passo para trás, mas sim um salto no precipício. O país e o comércio dariam adeus às vendas milionárias, ao giro de capital e ao aquecimento deste novo mercado, que já conta com produções maiores do que as de Hollywood.
Uma visão bem negativaJogos? Pura “vadiagem” dessa turma!

Depois dos pontos que abordamos, fica claro que no Brasil o que há é muito mais um mercado do que uma indústria propriamente dita, ainda com escasso poder de influência sobre os meios de comunicação e sobre a política. Na realidade, paira sobre os jogos uma conotação extremamente negativa de que eles simplesmente não prestam para nada.

Ou eles são focados no público infantil ou são objetos de vício, contraproducentes para a população local. É dessa questão cultural que emerge uma gigantesca barreira para aqueles que se aventuram com a criação de um estúdio de produção de jogos: a falta de investidores.

Investimento fácil para alguns... só para alguns.

Projetos de lojas, empresas de eventos ou até mesmo consultoria em qualidade de softwares encontram portas abertas nos bancos. Os empréstimos são facilitados através do BNDES (o Banco Nacional do Desenvolvimento), mas o mesmo não ocorre com facilidade para quem procura financiamento para estúdios de jogos.

A boa notícia é que isso está aos poucos mudando, graças ao incentivo de companhias privadas que vão aos poucos abrindo os olhos do governo, que vem cedendo poucos financiamentos através do Ministério da Cultura. É o caso da Oi, como mostraremos mais adiante.

A abordagem educativa

A questão da visão negativa frente à produção e compra dos jogos só muda (realmente) de figura quando passamos para o lado “educativo” da disputa. É o caso das empresas encarregadas da produção de softwares educativos, com uso destinado às instituições de ensino ou à veiculação de campanhas de conscientização.

Título da Mother  Gaia

Um exemplo vem da desenvolvedora Mother Gaia Studio, que modificou seu jogo City Rain (uma espécie de mistura entre Tetris e Sim City) transformando-o em uma lição de cidadania, na qual o objetivo é construir e planejar a cidade de modo que ela se torne sustentável e não seja pega pela fiscalização do meio ambiente.

O nome do projeto é Cidade Verde. Ele é voltado a instituições de educação e está passando por testes em diversas regiões. O financiamento foi cedido pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia).

Quem quiser conferir uma versão de demonstração do game pode clicar neste link. Vale notar também que a empresa já aproveitou o game na criação de produtos específicos para o Bradesco, por exemplo.

A questão da distribuiçãoVocê pode até fazer seu jogo, mas vai vendê-lo onde?

Pare e pense por um instante: quais são as distribuidoras de jogos no Brasil? Lá fora temos Atlus, Konami, Electronic Arts, Vivendi e muitas outras respondendo pelos pequenos estúdios, se encarregando de toda a logística da impressão e distribuição dos games nos mais variados canais, de atacado até online.

EA e seus jogos


Por aqui... Além Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames, que atua como organizadora da comunidade de empresas nacionais, ainda que sem mostrar atualizações em seu site desde 2008, com exceção das newletters), não há uma companhia de grande porte com posição de mercado similar.
Jogo publicado em  parceria

A presença mais forte acaba sendo das multinacionais, como a Take Two (que recentemente anunciou que realizará a distribuição dos jogos através da Synergex), a Ubisoft e a Disney, que firmou parceria com a Positivo. O foco desses últimos, entretanto, é o lançamento de jogos mais casuais — e possivelmente infantis.

No fim das contas, as Softhouses nacionais podem produzir os melhores jogos do mundo (o que é difícil com o tamanho de seus orçamentos), mas não terão o apoio especializado para distribuí-los e nunca chegarão a vendê-los em massa. Resultado: prejuízo certeiro... O cúmulo é que nem mesmo versões pirateadas dos produtos nacionais podem ser encontradas.

Aproveitando outros nichos

Mas em meio a tantas empresas que flutuam pelo mercado nacional, pescando incessantemente por recursos que parecem não chegar a tempo, temos alguns bons exemplos de sucesso. O primeiro é a Hoplon Infotainment, empresa que criou Taikodom — talvez o maior MMO já produzido em solo nacional.

O game encontrou o apoio da americana K2 e está a caminho de muitos outros países, com suporte para nove idiomas diferentes.

Taikodom, da Hoplon

Como os grandes orçamentos não são abundantes, temos as empresas que optaram pela criação de jogos mais baratos em plataformas alternativas de grande visibilidade (o que não significa baixa qualidade). Esse é o caso da WebCore Games, que desenvolve jogos para iPhones (como o game promocional do novo Honda) ou hotsites com partidas em flash.

A clientela é vasta e composta por grandes nomes da indústria nacional, tais como LG, PetroBras e Gerdau. Sinal de que aos poucos as companhias estão percebendo a influência dos jogos em seus respectivos públicos.

Produto da WebCore

Eu quero criar jogos!Quais são as possibilidades para quem quer seguir a profissão?

Algo que pode ser visto no blog do igor Jogos é o desejo que muitos dos usuário têm de fazer parte da indústria de jogos, seja trabalhando na criação, avaliação ou simplesmente com teste dos produtos. Mas a grande pergunta é: por onde começar? A alternativa mais penosa — e ao mesmo tempo simples — é investir no desenvolvimento independente, assim como no aprendizado por conta própria.

Já os que pretendem levar a carreira a sério devem indubitavelmente buscar cursos especializados. As modalidades e ofertas são variadas — indo de cursos rápidos em programação visual até arte conceitual —, mas cabe notar que a grande concentração delas reside sobre o eixo Rio/São Paulo.

A formação superior é bem limitada, com algumas faculdades como a Radial, PUC, UNISINOS e Infórium liderando o cenário nacional. O restante dos grupos está lançando aos poucos suas propostas, mas elas ainda não ganharam a visibilidade adequada.

Preconceito contra jogos, mais uma vez?

Como você pode perceber, a iniciativa está partindo dos grupos privados, não dos grandes centros federais de ensino. Isso se deve, em partes, à falta de conhecimento a respeito das atividades exercidas e das próprias circunstâncias do mercado de games, além da questão cultural abordada no terceiro tópico deste especial.

Curioso também é pensarmos que em termos de programação, os jogos são alguns dos projetos mais complexos que podem ser concebidos pela mente humana. Chega a ser triste saber que existem alunos dos cursos de programação que precisam esconder suas intenções de criarem códigos para games sob a forma de "projetos sérios", apenas para poderem validar seus trabalhos de conclusão de curso.


Mais uma observação: enquanto lá fora temos formação extremamente especializada, com profissionais dotados de perfeito entendimento de suas respectivas áreas (tais como a criação de personagens, de cenários, de rotinas para a inteligência artificial ou simplesmente a aplicação de um efeito gráfico), aqui a tendência é de generalização, ou seja, um profissional tentando dar conta de tudo. Isso não funciona...

Abduzidos para longe

O cenário de desenvolvimento nacional de jogos fica ainda mais enfraquecido graças a outro fator: aqueles que receberam formação adequada e procuraram se especializar (por conta própria) provavelmente já foram levados por grandes companhias internacionais, que oferecem salários e condições de trabalho bem mais promissoras.

Aos que ficaram no país, o que resta é se arriscar em pequenas empresas que sofrem diariamente (como já mencionamos) para se manterem ativas. Para viver, a alternativa de muitos é arranjar "um trabalho" de dia e virar as noites se dedicando à paixão pelos jogos.
Buscando uma soluçãoPotencial para se tornar um dos maiores do mundo

A política até agora se mostrou lenta e desinteressada em relação aos games. Os investimentos são escassos no setor. O cenário geral é de desorganização e fragmentação, sem grande presença nos meios de comunicação. Será que existe uma solução que faça com que o Brasil finalmente deixe o atraso no passado?

A verdade é que as respostas para os problemas geralmente emergem da educação e com a indústria nacional de jogos as coisas não serão diferentes. As universidades serão um dos pilares de desenvolvimento, já a partir do momento em que elas se firmarem com sucesso e devido reconhecimento entre as opções de cursos, estando disponíveis ao menos em todas as capitais nacionais.

Elas servem como local de debates e encontros (o que possibilita o fortalecimento de novas companhias), erguem as principais questões e incendeiam os alunos com aspirações de transformação frente aos problemas enfrentados.

De olho no futuro

Prova de que as coisas podem caminhar na direção certa através da educação é o projeto NAVE — Núcleo Avançado em Educação — promovido pela Oi em parceria com o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um Colégio Estadual com ensino em período integral, que ministra aulas do currículo do MEC pela manhã e oferece aos seus alunos contato máximo com as novas tecnologias pela tarde.

Grande promessa

Esse contato não é feito pela pura brincadeira, mas sim através de aulas de verdade, que preparam os alunos para lidarem com equipamentos, games, tendências e até mesmo roteiros e geração de multimídia. A turma sai com preparo fenomenal da sala de aula e a iniciativa já desperta interesse de muitas investidoras, tanto nacionais quanto internacionais.

Potencial gigantesco

Uma vez transpostas as barreiras — sejam elas políticas, financeiras, ideológicas ou culturais — Projeto NAVEo que restará no Brasil é um mercado com mais de 100 milhões de possíveis consumidores, desde que os preços e as propostas sejam ajustadas às condições de consumo da população.

A partir disso entra a verdadeira possibilidade do estabelecimento de uma indústria de jogos eletrônicos, autossustentável e capaz de concorrer com as ofertas externas, ao mesmo tempo em que gera milhares de empregos e renda para muitos envolvidos.

Com a geração de renda, os investimentos aumentam e a política abre suas portas para essa nova modalidade do entretenimento, a qual deixou de ser brincadeira de criança para ocupar as prateleiras das salas de muitos adultos por aí. Aliás, as grandes produções têm temáticas mais maduras, enquanto jogos infantis ocupam posições mais baixas nas vendas globais.

O esforço para chegar lá — se é que um dia conseguiremos — será enorme, mas valerá a pena em todos os sentidos. Se você quer ver o Brasil tendo atuação mais forte no mercado que move a sua paixão comece a se informar (busque cursos, oficinas, simpósios e as próprias empresas), aja e, é claro, aproveite seus games da melhor forma possível.

Até a próxima!

Qual o melhor navegador?

O Blog do Igor testou os cinco navegadores mais difundidos atualmente. Confira os resultados.

Alguns usuários de navegadores menos conhecidos se arriscam a dizer que o melhor browser que existe é aquele que pouca gente usa, pois ele tem suas falhas menos exploradas — já que não faz sentido que hackers tentem quebrar a segurança de um programa que pouca gente usa.

Em parte, isso é verdade. Em parte. Assim como pouca gente os utiliza, e por consequência, poucas falhas são exploradas, a compatibilidade de navegadores pouco usados também é extremamente limitada e a disponibilidade de ferramentas adicionais para eles é praticamente inexistente.

Índice

1. Polêmica
2. Os candidatos
3. Como? Quando? Onde?
4. O que foi avaliado?
Índice4.1. Testes de compatibilidade e desempenho
4.1.1. Velocidade de abertura e carregamento
4.1.2. Consumo de memória
4.1.3. Acid2
4.1.4. Acid3
4.1.5. Peacekeeper
4.2. Funcionalidades e personalização
5. Os resultados
5.1. Compatibilidade e desempenho
5.1.1. Velocidade de abertura e carregamento
5.1.2. Memória usada
5.1.3. Acid2
5.1.4. Acid3
5.1.5. Pontuação Peacekeeper
5.2. Funcionalidades e personalização
6. Análise final

1. Polêmica

A pergunta que dá título a este artigo é extremamente perigosa, pois pode ter diversas respostas sem que nenhuma esteja errada. No entanto, a melhor resposta o Blog do Igor se encarrega de apresentar (tom de mistério e tambores rufando): depende. Pedimos desculpas de antemão se essa resposta não satisfaz os leitores mais exigentes, mas seria irresponsabilidade dizer que este ou aquele navegador de internet é melhor ou pior.

Logicamente, o parágrafo acima só é verdade se levarmos em conta os cinco navegadores testados. Existe muita coisa ruim por aí, e é por isso que não vale a pena falar delas — lembrando que o fato de não testarmos outros navegadores não significa que eles sejam piores. Todos os browsers testados por nós são ótimos porque cumprem as tarefas para as quais foram programados e das quais nós, usuários, criamos graus diferentes de expectativa de qualidade.

Polêmica

Não podemos afirmar se determinado browser é pior ou melhor, simplesmente porque isso é muito relativo. O desempenho de um navegador varia por inúmeros motivos: configuração do computador usado, sistema operacional, quantidade de aplicativos abertos simultaneamente, velocidade da conexão, quantidade de plugins, extensões, barras de ferramentas ou outros complementos, além de diversas outras características.

Outro fato que nos “proíbe” de dizer que o navegador X, Y ou Z é o melhor pode ser descrito por um ditado mais que conhecido de todos: “gosto não se discute”. Aqui mesmo, na redação, temos usuários de Firefox, Opera, Internet Explorer, Chrome e diversos outros. Cada um, quando questionado, defende com unhas e dentes o navegador que utiliza.

Levando tudo isso em consideração, submetemos cinco candidatos a diversos testes, com critérios que hoje são considerados indispensáveis para o bom desempenho de um browser. Fizemos tudo isso e deixamos que você, leitor e usuário do Blog do Igor, chegue à conclusão de qual é o melhor navegador da atualidade.

2. Os candidatos

Google Chrome, Opera, Internet Explorer 8, Mozilla Firefox e Safari.

3. Como? Quando? Onde?

Dedicamos toda esta semana para os testes. Ou seja, foram cinco dias de pesquisas — para definirmos quais testes são relevantes e quais características deveriam passar pelo crivo da postagem do Blog do Igor —, formatações, instalações, desinstalações e execuções exaustivas dos candidatos.

A máquina usada como cobaia é um Dell Dimension C521, com um processador AMD Athlon 64 rodando a 2.2 GHz, com 2 GB de memória RAM, Windows XP com Service Pack 3. Cada navegador foi testado em um ambiente completamente limpo.

Isto é, formatamos a máquina, instalamos o Windows, o próprio navegador e fizemos os testes sem alterar qualquer configuração padrão do browser, ou mesmo do sistema. O procedimento foi repetido para os cinco navegadores testados.

Dessa forma, garantimos que os testes não seriam distorcidos e todos os browsers trabalhariam nas mesmas condições. Vale lembrar que o Internet Explorer leva certa vantagem, pois é pré-carregado juntamente com o sistema operacional. Mas lendo este artigo, você perceberá que essa vantagem de nada adianta.

4. O que foi avaliado?

Um navegador deve ser capaz de executar diversos tipos de tarefas, e fazer isso com rapidez. Também é necessário que ele seja capaz de renderizar e exibir as páginas de acordo com as especificações das linguagens disponíveis hoje para programação — CSS, XML, HTML, JavaScript, DOM, etc.

4.1. Testes de compatibilidade e desempenho

Abrir as páginas de maneira rápida é indispensável, pois evita que a paciência do usuário se esgote e ele resolva procurar outro navegador. Veja abaixo como procedemos para verificar a compatibilidade e velocidade dos candidatos.

4.1.1. Velocidade de abertura e carregamento

Para cada navegador, fizemos testes cronometrando o tempo demorado por eles para abrir, do momento em que o Enter é pressionado até o programa entregar o controle ao usuário. Foram medidos os tempos de abertura nas seguintes situações:

bullet Primeira execução após instalação;

bullet Segunda execução (com a página inicial padrão);

bullet Tempo levado para abrir a janela sem qualquer site sendo carregado;

bullet Tempo para abrir uma nova aba vazia;

bullet Tempo para abrir a janela com sete abas, com sites definidos como página inicial nas configurações do browser — alguns navegadores não permitem a abertura simultânea de vários sites como página inicial. Para esses casos, salvamos a sessão e reiniciamos o navegador com os sites abertos anteriormente. Isso não distorce o tesde de nenhuma forma;

bullet Tempo para abrir uma nova aba contendo uma página web, a partir do clique em um link na aba anterior.

*Exceto pelo teste da primeira execução, todos foram cronometrados três vezes para garantir que nenhuma interferência, seja de hardware ou outros softwares, distorcesse o teste. O resultado final é uma média dos três tempos.

4.1.2. Consumo de memória

O uso de memória também é extremamente importante, pois quanto mais memória o navegador utiliza, mais lento fica seu processamento, bem como o desempenho do computador como um todo.

Usamos o Gerenciador de tarefas do Windows para verificar a quantidade de memória utilizada nas situações abaixo, exceto pelo Google Chrome. Para ele, usamos o relatório de memória do próprio navegador, pois é aberto um processo para cada aba, o que distorce a medição mostrada pelo Gerenciador de Tarefas do Windows.

Consumo de memória do Safari com sete abas abertas.

bullet Primeira execução;

bullet Consumo, com página inicial padrão;

bullet Execução com página em branco;

bullet Consumo com sete sites abertos, cada um em uma aba.

4.1.3. Acid2

Criado por um grupo chamado “Web Standards Project”, o Acid2 verifica se o browser é capaz de organizar o layout das páginas de acordo com as especificações do CSS 2.1, bem como aspectos da interpretação do código HTML, imagens no formato PNG e processamento de dados.

Para passar no Acid2, o navegador deve exibir uma imagem exatamente como a de referência, que mostramos abaixo.

O nariz deve ficar azul.

*No teste real, passando o mouse sobre a imagem, o nariz da figura ficará azul. Sem o mouse, ele é preto.

4.1.4. Acid3

A versão mais recente do teste Acid dá prioridade para a desenvoltura com que o navegador processa DOM (Document Object Model) e o JavaScript, que são tecnologias cada vez mais utilizadas, principalmente em sites que já contemplam as especificações da web 2.0, responsável por um maior grau de interatividade do usuário com a internet.

Referência do Acid3.

O teste Acid3 mostra diversos quadrados coloridos que são preenchidos gradualmente, bem como uma porcentagem que varia de 0 a 100, que significa exatamente a porcentagem de testes realizados em que o navegador foi aprovado. Quanto mais próximo de 100, maior é a compatibilidade do navegador com as especificações vigentes.

DOM é o nome da forma como diversas tecnologias são integradas para modificar dinamicamente as páginas da internet. Diversos sites grandes já possuem elementos criados usando DOM, evitando que uma nova página tenha que ser carregada a cada clique do usuário, aumentando assim a velocidade de navegação, pois o uso de largura de banda é menor.

4.1.5. Peacekeeper

A Futuremark é uma das empresas de benchmarking mais respeitadas do mercado. Ela desenvolve testes para diversos itens e o mais utilizado é o que verifica a qualidade com que as placas de vídeo atuais processam imagens em 3D. O Peacekeeper faz avaliações mais pesadas que os testes Acid, mas testa as mesmas características.

Peacekeeper

Os resultados do Peacekeeper são exibidos na forma de uma pontuação que soma os números de aprovações de cada um dos testes. Quanto maior a pontuação, melhor a performance do navegador para os itens testados.

4.2. Funcionalidades e personalização

Como já mencionamos, não faz sentido avaliarmos a qualidade de extensões, temas ou outros itens subjetivos, mas podemos colocar à prova a quantidade de possibilidades dadas ao usuário para que ele adapte o browser às suas necessidades.

Não atribuímos pontos para os navegadores nesses quesitos. Só fizemos um comparativo de quais têm e quais não têm as características verificadas, pois certos tipos de personalização podem ser considerados completamente inúteis para algumas categorias de usuário, assim como poderíamos deixar de fora algum complemento utilizado por outros.

5. Os resultados

5.1. Compatibilidade e desempenho

Nossas avaliações não nos surpreenderam, e provavelmente não o farão com você, pois todos os navegadores tiveram desempenho similar ao que já é de conhecimento geral. O Google Chrome foi o grande campeão, tirando nota máxima no Acid3 e saindo disparado no teste do Peacekeeper.

5.1.1. Velocidade de abertura e carregamento

Como o Internet Explorer 8 já vem com o Windows, ele foi o primeiro a sofrer na mão do Blog do Igor. Porém, no Windows XP, a versão do Internet Explorer não é a 8 e, por isso, tivemos que fazer o download e instalação, tornando o teste mais justo, pois todos os navegadores passaram por isso.

Internet Explorer 8

Parece que os desenvolvedores de software adoram fazer propaganda de si mesmos quando alguém resolve instalar um de seus programas. Todos os navegadores, ao serem abertos logo após a instalação, direcionaram o usuário para as páginas de boas-vindas da empresa desenvolvedora.

O pior desempenho nesse quesito foi do Safari, que carrega uma pesada animação logo no início, dando a impressão de que está travado enquanto ela não inicia. Ele levou absurdos 17 segundos para mostrar tal animação. O Chrome teve desempenho excelente, mas vale lembrar que a página inicial do Google também é extremamente leve.

O Opera, com seu desenho bonitão e arrojado, acabou tropeçando um pouco na primeira inicialização, por causa da pesada página de Speed Dial. De qualquer forma, todos os navegadores, exceto o Safari, foram extremamente rápidos na primeira inicialização, geralmente levando poucos segundos para entregarem o comando ao usuário.

SpeedDial do Opera

Da mesma forma, nas demais inicializações, todos melhoraram os tempos de abertura, exceto quando mandamos que eles abrissem sete abas ao mesmo tempo. Mesmo assim, não houve grandes problemas de desempenho. Lembre-se de que o navegador vai ficando mais lento à medida que mais informações vão sendo agregadas a ele — extensões, histórico e arquivos temporários são os grandes vilões.

No caso específico do Firefox, houve ocasiões em que fechamos e clicamos duas vezes no ícone do programa e nada aconteceu. Ou seja, algumas vezes o navegador simplesmente se recusou a abrir.

Veja abaixo o gráfico comparativo dos tempos de abertura. O tempo está em segundos, com precisão de três dígitos após a vírgula. Quanto menor a barra, mais rápida foi a inicialização naquele passo.

O mais rápido.

Velocidade de abertura.

Legenda
Passo 1: Primeira execução;
Passo 2: Segunda execução, com página inicial padrão;
Passo 3: Execução com página em branco;
Passo 4: Abrir nova aba vazia;
Passo 5: Abrir a janela do navegador com sete abas e os seguintes sites: Blog do Igor, Orkut, Twitter, IG, Uol, Google e Youtube;
Passo 6: Abrir página em nova aba a partir de link.

5.1.2. Memória usada

Quem tem memória de sobra no PC (2 GB ou mais), geralmente não precisa se preocupar com a quantidade comprometida pelo navegador, a menos que haja muitos complementos instalados nele. Nos testes, não houve grandes problemas neste quesito e todos os navegadores se saíram bem, não passando do pico de 160 MB.

O gráfico abaixo mostra o consumo de memória de cada um dos navegadores durante os diferentes passos dos testes de desempenho de tempo. A legenda é a mesma do item anterior, então você pode tomá-la como referência. Nos passos 4 e 6, não foi medida a quantidade de memória, pois esse consumo de memória é irrelevante.

O que consome menos memória nos momentos críticos.

Uso de memória.

O modo correto de interpretar o gráfico acima é olhar primeiramente as três primeiras barras (azul, vermelha e verde). A tendência é que o uso de memória caia da direita para a esquerda, como é possível verificar nos gráficos do Firefox e, melhor ainda, no do Safari — isso não quer dizer que esses dois navegadores se deram melhor no consumo de memória, mas se comportaram como o esperado.

Estranhamente, o Internet Explorer 8 consumiu mais memória na segunda inicialização do que na primeira, apesar de não ter sido alterada qualquer configuração e de na primeira execução serem necessários diversos procedimentos de configuração. É desnecessário dizer (mas nós falamos mesmo assim) que em se tratando de inúmeras abas abertas, o Internet Explorer deixa muito a desejar, pois ele foi o que mais usou memória.

O Chrome, apesar de ter se saído melhor na maioria dos testes, foi um dos três que mais consumiram memória quando abrimos todos os sites da NZN de uma só vez. O Firefox, como podemos perceber, foi o que consumiu menos memória, o que nos dá a impressão de que ele é melhor no tratamento de diversas abas abertas ao mesmo tempo.

5.1.3. Acid2

No teste Acid2, os navegadores deveriam ser capazes de exibir corretamente a imagem de referência exibida anteriormente (aquela com o sorriso). Todos os navegadores conseguiram mostrar perfeitamente a imagem e o nariz azul quando o mouse era passado em cima.

Todos compatíveis com os testes do Acid2

5.1.4. Acid3

O Acid3 foi o responsável pela desgraça de um ou outro navegador. O Internet Explorer teve o pior desempenho, mas isso já era esperado, pois a própria Microsoft já declarou que seu foco não é “passar no teste Acid”. Nós, usuários, realmente preferíamos que fosse, pois isso conferiria mais confiança ao IE8, já que os testes Acid são respeitados mundialmente.

No Acid3, somente Internet Explorer 8 e Mozilla Firefox não obtiveram a 100% de aprovação nos testes. O Firefox, no entanto, ficou a somente 6% de ser perfeito. Já o Internet Explorer fez vergonhosos 12% de aprovação, o que nos fez repetir o teste diversas vezes para verificar distorções.

Desempenho do IE8 no Acid3.

Nas repetidas vezes que executamos o Acid3 no IE8, o navegador só conseguiu chegar a 20% de aprovação. Ou seja, sites com tecnologias de ponta provavelmente aparecerão de forma incorreta ou exibirão mensagens de erro.

Três candidatos empataram no Acid3.

5.1.5. Pontuação Peacekeeper

O Peacekeeper foi o teste que melhor ilustrou a batalha entre os cinco navegadores testados. O site disponibiliza um endereço permanente com os testes realizados, para que você possa justamente comparar os resultados com os testes de outros navegadores instalados em sua máquina.

O gráfico abaixo fala por si mesmo. O Google Chrome foi o campeão disparado, apesar de ficar extremamente lento com muitas extensões instaladas — assim como o Firefox, o Opera e qualquer navegador que suporte a adição de complementos.

O Chrome foi o campeão na auditoria de compatibilidade.

Se você quiser conferir nossos testes em detalhe, clique aqui para ir para a URL permanente. Clicando no nome de cada um dos navegadores, você pode ver detalhes da pontuação, que mostram as categorias de recursos avaliados pelo teste.

5.2. Funcionalidades e personalização

Chegamos ao item que causa discórdia entre a maioria dos usuários que gostam de defender o programa que usam. Alguém poderia, por exemplo, achar que estamos depreciando a qualidade do Internet Explorer — apesar de os testes de desempenho mostrarem que ele é o mais lento de todos.

Internet ExplorerPorém, é importante lembrar que o navegador da Microsoft ainda é o mais utilizado no mundo, não só porque já vem com o Windows, mas porque é um dos mais amigáveis, simples e que satisfazem as necessidades de usuários que não precisam de adicionais, como gerenciamento e sincronização de senhas, visualização de abas e diversos outros complementos que, para esses usuários, só fazem qualquer navegador ficar mais lento.

Por outro lado, o usuário mais hardcore certamente preferirá navegadores alternativos. O Firefox deve ganhar um destaque especial por ter o suporte para extensões desde as suas primeiras versões, fazendo com que hoje seja ele o que tem a maior oferta e variedade de adicionais disponíveis.

O Opera é o navegador com uma das interfaces mais interessantes de todas. A ideia de poder visualizar o conteúdo das abas e redimensioná-las é extremamente útil e original para quem quer ou precisa de algo mais visual a fim de gerenciar as dezenas de abas abertas.

MiniTabs

O Google tem se mostrado extremamente preocupado com a experiência do usuário na internet — até porque o sistema operacional anunciado pela empresa será totalmente dedicado à internet. Prova disso são as melhorias quase diárias implantadas ao Chrome.

Ele já suporta a instalação de extensões de forma rápida e fácil, possui uma interface sem frescuras, é extremamente rápido e o melhor de tudo: é compatível com as tecnologias de ponta disponíveis na atualidade.

SafariO Safari (para o sistema Windows!) ficou no final porque, honestamente, não há motivo para baixar um navegador tão simples e tão lento. Apesar de ter se saído bem nos testes do Peacekeeper, o Safari não oferece nenhuma vantagem em relação aos outros navegadores, a menos que o nome Apple transmita pompa o suficiente para convencer você.

6. Análise final

Como dissemos na longa introdução, avaliar navegadores é como querer comparar um sorvete de uva com um de banana. É tudo uma questão de preferência. Entretanto, se a banana estiver estragada, certamente você não vai querer comê-la, certo?

Pense nisso fazendo uma analogia com o resultado dos nossos testes de desempenho e compatibilidade: o “sabor” do navegador, ou seja, seus adicionais, interface e supérfluos também são importantes, mas na hora da escolha, pense também se optar pelo navegador mais bonito é realmente a melhor solução.

Como uma dica final, recomendamos que você comente com outras pessoas os testes aqui vistos, para confirmar as afirmações que fizemos e comprovar o que o Blog do Igor demonstrou nas avaliações. De qualquer forma, espera-se que você fique satisfeito com sua decisão.

16 dicas para ficar craque no Gerenciador de tarefas do Windows

O Gerenciador de Tarefas é uma importante ferramenta e saber usá-lo pode significar um PC mais rápido e funcionando melhor.

Se você usa o Windows, provavelmente já acessou esta ferramenta. Até o Windows XP ela era acessada pelo famoso atalho Ctrl + Alt + Del (nos Windows 7 e Vista, o atalho para acessá-la diretamente é Ctrl + Shift + Esc). Isso mesmo, a ferramenta da qual falamos é o Gerenciador de tarefas do Windows.

Saber usá-lo traz algumas vantagens para o usuário, dentre elas um melhor desempenho do seu computador. Isso porque por meio desta ferramenta você pode gerenciar processos, encerrar programas problemáticos, verificar o quanto do processador e da memória RAM estão sendo utilizados e muito mais.

O Blog do Igor compilou 16 dicas para você sobre como usar melhor o Gerenciador de tarefas, então, vamos lá!

1 - Visualize todos os processos

Se você quer melhorar o desempenho e encontrar possíveis processos problemáticos, visualizar tudo o que está aberto em sua máquina é essencial. Então faça o seguinte: abra o Gerenciador de tarefas, vá até a guia Processos e então habilite a opção Mostrar processos de todos os usuários.

Visualize todos os processos

2 - Obtenha informações sobre um processo

Muitas vezes, principalmente após ativar a opção para exibir todos os processos citada no item anterior, você vê processos que não faz ideia de onde vieram e nem para que servem. Se isso acontecer, a solução é simples: clique com o botão direito do mouse sobre ele e depois em Propriedades.

Informações sobre processos

3 - Verifique o uso de memória RAM

É sempre bom saber quanto cada programa em execução consome de sua memória RAM e isso pode ser feito tranquilamente no Gerenciador de tarefas. Selecione a guia Processos e, na barra de ferramentas, siga o caminho Exibir > Selecionar Colunas. Na nova janela que se abriu, certifique-se de que estão habilitadas as opções Memória – Conjunto de Trabalho e Memória – Conjunto de Trabalho Particular.

Uso de memória RAM

Após a confirmação das opções, você visualizará as colunas na guia Processos. A guia Conjunto de Trabalho (Memória) indica a quantidade de memória física utilizada por cada processo (essa memória pode ser compartilhada pelos demais processos).

A outra guia, Memória (Conjunto de Trabalho Particular), exibe a quantidade de memória física utilizada individualmente por cada processo (esse valor é a parte do total que não pode ser compartilhado com outros processos).

4 - Verifique o uso de disco

Algumas vezes seu disco rígido parece estar sendo usado no limite, porém, na realidade nada está sendo feito no PC. Se você passa por uma situação semelhante a essa, descubra quem são os vilões da história por meio do Gerenciador de tarefas do Windows.

Uso  de disco

Na guia Processos, siga o caminho Exibir > Selecionar Colunas e habilite as opções Bytes de leitura de E/S e Bytes de gravação de E/S. Nas novas colunas são exibidas as quantidades de dados lidos e gravados em seu disco por cada processo, ou seja, para saber processo gasta mais, basta olhar nessas colunas.

5 - Acabe com problemas de inicialização de programas

Se você costuma utilizar o Windows Media Player, deve ter notado que volta e meia ele trava. Contudo, mesmo após ter sido encerrado, o processo do programa continua ativo, o que impede a abertura de uma nova sessão do WMP. Se isso acontecer, abra o Gerenciador de tarefas, vá até Processos e encontre o processo WMPlayer.exe.

Se o processo estiver lá, porém nenhuma janela do aplicativo estiver aberta, é exatamente esse o problema. Clique com o botão direito do mouse sobre ele e selecione a opção Finalizar Processo para encerrá-lo definitivamente e poder voltar a usar o reprodutor multimídia do Windows.

Esse problema pode ocorrer não só com o WMP, mas com quaisquer outros programas. Portanto, fique atento, se algum aplicativo travou e foi encerrado, mas você não consegue reiniciá-lo, o problema pode estar em seu processo. Contudo, evite finalizar processos ao menos que tenha total certeza do que está fazendo, pois isso pode prejudicar o funcionamento do sistema.

6 - Acabe com processos rebeldes

Quando você tem um processo “roubando” memória e capacidade de sua CPU, está na hora de o Gerenciador de tarefas entrar em ação e acabar com esse rebelde. Utilize o atalho no teclado para abrir o Gerenciador e aguarde, pois se o processo estiver ocupando toda a capacidade de sua CPU, isso pode levar alguns minutos.

Quando o Gerenciador de tarefas abrir, você precisa apenas encontrar o problema na lista (lembre-se de habilitar a opção Mostrar processos de todos os usuários), clicar com o botão direito do mouse sobre ele e depois em Finalizar Processo.

Contudo, nem sempre isso resolve o incômodo, principalmente se o processo em questão é algum elementar do Windows e fechá-lo com certeza acarretará em travamento do sistema. Se isso acontece, clique com o botão direito do mouse sobre o processo rebelde, vá em Definir Prioridade e então selecione a opção Baixa. Isso deve fazer com o que o processo ocupe menos recursos do sistema.

Acabe com processos  rebeldes

Porém, se isso ainda não resolver seu problema, o Gerenciador de tarefas possui um último recurso: clique com o botão direito do mouse sobre o processo rebelde e depois em Definir Afinidade. Isso permite a você definir quais os núcleos da CPU o processo pode utilizar, minimizando sua ação.

7 - Acabe com devoradores de memória

Alguns aplicativos são verdadeiros devoradores de memória e prejudicam o desempenho do sistema. Um bom exemplo é o processo svchost.exe, responsável por executar várias tarefas do Windows. Contudo, se ele consome muita memória de seu PC, como saber quais os aplicativos responsáveis por isso?

Clique com o botão direito do mouse sobre ele e depois na opção Ir para Serviço(s). Nela, você visualiza a aba Serviços do próprio Gerenciador, e lá serão exibidos os aplicativos relacionados ao processo que você selecionou. Se desejar você pode encerrá-los.

Infelizmente o Gerenciador de tarefas do Windows não permite a você visualizar o quanto cada aplicativo consome de memória, porém, seu leque de possíveis devoradores já diminui bastante.

Acabe com devoradores de memória

8 - Acabe com vazamento de recursos

Determinados processos acabam sempre consumindo mais e mais recursos do Windows, sem liberá-los posteriormente (a não ser que você reinicie a máquina). As versões 32 bits do Windows não possuem fonte ilimitada de recursos, o que acaba gerando travas e problemas constantes.

Para solucionar o problema com vazamento de recursos, abra o Gerenciador de Tarefas e em Exibir > Selecionar Colunas habilite as opções Identificadores, Objetos USER e Objetos GDI. Feito isso, passe a verificar com frequência os valores exibidos nessas colunas (bem como as colunas sobre memória).

Acabe com vazamento de recursos

Esses valores podem aumentar drasticamente em alguns casos, como o de programas antivírus ou um limpador varrendo o sistema, porém, se depois disso os valores não voltarem ao normal, provavelmente você tem um problema que pode ser resolvido com a finalização do processo.

9 - Crie um arquivo de despejo

Quando um programa trava, você pode utilizar o Microsoft Debugging Tools for Windows (ferramenta de depuração da Microsoft) para tentar descobrir o porquê do problema. Faça o download desse aplicativo e depois siga os passos expostos adiante.

Na guia Processos do Gerenciador de tarefas, encontre o processo do aplicativo travado, clique com o botão direito do mouse sobre ele e selecione a opção Criar Arquivo de Despejo. Ao final, uma janela surge na tela indicando o local em que se encontra o arquivo de despejo recém-criado.

Arquivo de despejo

Agora abra o depurador WinDbg, baixado no link acima, e siga o caminho File > Open Crash Dump File. Caso tenha conhecimento suficiente, você pode vasculhar as informações e descobrir o que causou a falha no aplicativo.

Local do arquivo de despejo

10 - Inicie ou interrompa um serviço

Por meio do Gerenciador de tarefas ainda é possível interromper ou iniciar um serviço do Windows. Vá até a guia Serviços e encontre uma lista de serviços disponíveis. Agora basta clicar com o botão direito do mouse sobre o serviço desejado e selecionar seu início ou interrupção.

Inicie ou interrompar um serviço

11 - Reinicie o Explorer

Com certeza não foram uma nem duas as vezes que você teve problemas com o Explorer. Sem muita explicação ele trava e precisa ser encerrado. Porém, é possível reiniciá-lo por meio do Gerenciador de tarefas: siga o caminho Arquivo > Nova Tarefa (Executar...) e na janela que se abriu execute o comando explorer.exe para que o Explorer seja reiniciado.

Reincie o Explorer

12 - Compreenda o uso da CPU

Às vezes o PC parece lento, mas ao verificar aa coluna CPU da aba Processos você não encontra nenhuma justificativa para isso. É possível descobrir de onde vem o problema no próprio Gerenciador e de modo bem simples: vá até a guia Desempenho e acompanhe o gráfico do Histórico do Uso de CPU.

Agora siga o caminho Exibir > Mostrar Tempos do Kernel e então você visualiza duas linhas no gráfico: uma verde e outra vermelha. A verde representa o uso total da CPU e a vermelha o tempo de CPU consumido pelo kernel (saiba o que é kernel – clique para acessar).

Compreenda o uso da CPU

Quando a linha verde está acima da vermelha, significa que a lentidão do sistema é causada por algum processo aberto em sua máquina. Contudo, se picos da linha vermelha forem constantes, significa que o problema vem de algo no kernel, provavelmente um drive ou então um componente do Windows. Na pior das hipóteses isso ocorre devido a algum malware.

13 - Obtenha informações sobre o sistema

Saber algumas informações sobre o seu sistema é essencial para compreender o que se passa com ele. Abra o Gerenciador de tarefas, vá até a guia Desempenho e verifique no item Total na seção Memória Física (MB) a quantidade de memória RAM instalada em sua máquina. O item Tempo de Atividade indica há quanto tempo o seu sistema está funcionando desde a última inicialização.

Informações sobre o sistema

14 - Monitore a utilização da rede

Por meio do Gerenciador de Tarefa você monitora a utilização da rede. Para isso, abra a ferramenta e clique sobre a guia Rede para visualizar a utilização em um gráfico. Clicando em Opções > Guia Sempre Ativa, o Gerenciador continua coletando informações sobre a atividade da rede mesmo quando a guia Rede não está aberta.

Monitore a utilização da rede

No caminho Exibir > Histórico do Adaptador de Rede é possível habilitar a exibição da quantidade de dados recebidos e enviados pela rede.

Histórico do adaptador de rede

15 - Gerencie usuários da rede

Uma rede é composta por vários usuários e você pode gerenciá-los por meio do Gerenciador de tarefas. Na guia Usuários você encontra uma lista com todos os membros da rede e clicando com o botão direito do mouse sobre um deles é possível enviar-lhes mensagens ou até mesmo desconectá-los da rede.

Gerencie usuários da rede

16 - Alternativas ao Gerenciador de tarefas do Windows

Você já deve saber que existe uma série de aplicativos capazes de substituir o Gerenciador de tarefas do Windows, alguns inclusive com muito mais recursos que o original. Além de bons exemplos como Process Hacker, System Explorer e AnVir Task Manager, você encontra mais dicas em um artigo tratando especificamente deste assunto:

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