Seja, Bem Vindo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Como formatar o Windows

Desvendando o bicho de sete cabeças da formatação.

Ao utilizar o computador durante alguns meses, sem tomar as devidas precauções em relação à manutenção do sistema operacional, além dos cuidados necessários com vírus e programas semelhantes, podem acontecer erros muitas vezes irreversíveis ao Windows.

Em muitos casos a única saída é formatar o computador. No entanto, muitos usuários acham que realizar essa tarefa é um verdadeiro bicho de sete cabeças, envolvendo um processo complexo e difícil de ser efetuado.

Este tutorial vai ensiná-lo a formatar o seu computador com segurança, dispensando serviços de terceiros, poupando um bom dinheiro com isso. No entanto, algumas tentativas podem ser feitas antes de partir para a formatação.

Restauração do sistema

Se recentemente seu computador passou a apresentar falhas, em especial ao inserir ou remover algum programa, os problemas podem ser corrigidos através de uma restauração do seu sistema operacional, o que não apagará seus dados nem nada de importância para você.

Como fazer

1. Primeiro, clique no botão “Iniciar” e siga o caminho: Todos os programas > Acessórios > Ferramentas do sistema > Restauração do sistema;

2. Na nova janela, marque a opção “Restaurar o computador mais cedo”. Clique para avançar;

3. Escolha a data e o ponto de restauração (é recomendado selecionar uma data em que seu computador estivesse funcionando sem problemas);

4. Feche todos os aplicativos abertos e avance até que a restauração comece (seu computador será desligado e reiniciado automaticamente, o que pode levar alguns minutos extras).

Escolha uma data segura para restaurar.

Não resolveu o problema?

Se mesmo com a indicação acima os problemas continuarem, parece mesmo que a saída é formatar o computador. Antes de entrarmos no guia é interessante explicar um pouco mais sobre o que consiste o processo de formatação.

Conceito

Ao formatar o computador, você estará na realidade apagando todos os arquivos contidos no seu disco rígido, deixando-o “zerado”. Por esse motivo, vamos ensiná-lo a guardar seus arquivos importantes antes de limpar o HD.

Assim que o disco rígido estiver sem nenhum arquivo, será realizada uma nova instalação do Windows. Depois que ela for realizada com êxito, os drivers (aplicativos que fazem as principais funções do PC funcionarem) deverão ser instalados.

COMEÇANDO

Antes de mais nada, é necessário realizar os procedimentos para salvar arquivos, instaladores e demais executáveis de sua preferência, como músicas, aplicativos, vídeos, entre outros. O processo mais fácil, nesse caso, é gravá-los em CDs ou DVDs, sem realizar modificações no seu HD.

No entanto, para evitar que esse processo se repita sempre que você quiser formatar o computador, é interessante dividir o seu disco rígido em duas ou mais partes. Assim você pode manter seus arquivos de mídia e documentos na partição secundária, deixando apenas o Windows e seus programas instalados na principal.

Para aprender a particionar o disco rígido, acesse nosso tutorial referente ao tema. Há um guia completo de aplicativos simples que realizam a tarefa, além de um tutorial para dividir o HD no Windows Vista.

Programas essenciais

Vale lembrar que alguns instaladores devem ser guardados, como antivírus e programas do gênero de sua preferência. Além de tudo, é fundamental ter o instalador do Service Pack 2 no seu backup, o que deixará o Windows compatível com diversos softwares atualizados, evitando problemas.

Não se esqueça dos drivers!

Sem entrar em termos técnicos, drivers são pequenos aplicativos que fazem a ligação entre as partes física e virtual do seu computador. Ao instalar um driver de som, por exemplo, sua placa de som reconhece os dados executados no Windows, fazendo com que as caixinhas emitam o áudio corretamente.

Em alguns casos, ao comprar um computador, você poderá receber um CD com os drivers referentes à sua placa-mãe. Caso isso não aconteça, é necessário fazer uma cópia deles, o que fica mais fácil com alguns aplicativos interessantes.

DriverMax

Este pequeno aplicativo é muito importante na hora de realizar cópias dos seus drivers. Ao clicar no link de download do programa, leia sua descrição e instale-o, aguardando a listagem dos drivers, o que pode demorar alguns minutos.

Faça um rápido backup dos seus drivers.

Assim que ele terminar, você estará apto a utilizá-lo. Clique na opção indicada na figura para começar o backup. Depois, selecione todos os drivers e, logo em seguida, comece o processo. Na próxima janela, estipule a pasta em que os drivers serão salvos (lembre-se de salvar a pasta com os drivers em um DVD ou na partição criada no seu disco rígido, além, é claro, do instalador do DriverMax).

Comece a Formatar

Antes de mais nada, é necessário mexer em algumas configurações da sua placa-mãe para carregar o CD do Windows. Na maioria dos casos, basta teclar Delete ou F2 na primeira tela exibida para acessar as opções. Como existem vários modelos e marcas diferentes de hardware, siga os passos de forma semelhante aos exibidos no trecho abaixo:

1. Acesse a opção “Advanced BIOS Features”;

2. Na opção “First Boot Device”, deixe a opção indicada como CDROM;

3. Salve as mudanças antes de sair, através de algum atalho ou como na opção indicada.

As opções são semelhantes em muitas placas.

Com as mudanças realizadas, ligue o computador e insira o CD do seu Windows XP nele. Antes de o sistema operacional começar, você verá a opção “Pressione qualquer tecla para iniciar do CD”. Clique em qualquer botão do teclado para que o disco de instalação seja carregado.

Aguarde alguns momentos até que a tela azul apareça, contendo os próximos passos da instalação. Siga as instruções abaixo para formatar o seu Windows XP:

1. Em “Bem vindo ao programa de instalação” (Welcome to Setup), tecle Enter para proseguir;

2. Na tela sobre o contrato de licença do Windows, tecle F8 para concordar com os termos descritos;

3. Duas opções aparecerão na tela. Tecle “Esc” para reinstalar o Windows XP;

4. Este é o menu com as partições. Caso você tenha criado uma nova partição para backup, lembre-se de não mexer nela neste momento;

5. Selecione a partição que contém o seu Windows e a exclua, com a tecla D. Confirme a exclusão com os comandos requeridos nas etapas que seguem;

6. Clique em “Espaço não particionado” e tecle Enter, para instalar o Windows neste local;

7. Escolha a opção “Formatar a partição utilizando o sistema de arquivos NTFS”, o que pode levar um bom tempo, dependendo da capacidade do seu disco rígido;

8. Aguarde a cópia dos arquivos e a reinstalação automática do sistema.

INSTALAÇÃO DO WINDOWS

Deixe que seu computador inicie normalmente (não clique para iniciar o sistema do CD como anteriormente) e siga os passos indicados nas primeiras janelas. Agora seu Windows estará acessível pelo mouse e pelo teclado, o que torna as coisas mais intuitivas.

A partir deste ponto, o próprio Windows XP lhe indicará os passos a serem seguidos, de um modo muito explicativo. Basta seguir todas as etapas corretamente e o programa terminará sua instalação em alguns minutos. Aguarde o término do processo e a última reinicialização, terminando de configurar o sistema operacional.

PRIMEIROS PASSOS COM O SISTEMA NOVO

Ao iniciar o Windows pela primeira vez, você deve instalar, primeiramente, os drivers do seu computador. Para isso, vá até a partição de backup ou insira o DVD com os arquivos importantes salvos, executando o instalador do DriverMax.

Agora, clique na opção “Importar Drivers”, selecionando a pasta salva com os aplicativos. Aguarde a instalação dos drivers e reinicie o seu computador para evitar eventuais problemas. Assim que ele iniciar novamente, instale o Service Pack 2, reiniciando-o novamente em seguida.

Dessa forma, seu computador estará novo em folha, com seu registro intacto e operando de maneira funcional, sem os problemas encontrados anteriormente. Tudo que resta a você é instalar os programas e aplicativos de sua preferência.

Considerações finais

Vale ressaltar que formatar um computador requer prática e é um processo um tanto quanto complicado para usuários iniciantes. Caso você esteja enfrentando dificuldades em realizar a tarefa, é interessante pedir ajuda para alguém que entenda melhor do assunto, ou, em último caso, de um técnico especializado.

Resumindo um pouco as coisas, é fundamental lembrar-se de salvar os arquivos importantes do computador antes de começar a formatação, pois, depois que ela começar, os dados do seu HD principal serão perdidos. Com calma e atenção, o bicho de sete cabeças da formatação será eliminado e você poderá economizar um bom dinheiro com isso.

Como serão feitas as compras no futuro?

Ambientes virtuais, monitores portáteis conectados à internet e etiquetas inteligentes prometem transformar totalmente a maneira como compramos produtos nos próximos anos.

O crescimento do comércio online global aponta que esse será um dos seguimentos que mais deve crescer na próxima década. Mesmo em um momento de recessão global o segmento cresce a largos passos, especialmente em países em que as plataformas online não foram totalmente exploradas.

O Brasil é um exemplo de país em que o comércio online ganha cada vez mais espaço. No Natal de 2010 foram obtidas vendas de cerca de 1,6 bilhão de reais, crescimento de 28% em relação ao mesmo período de 2009. O cenário é ainda mais surpreendente quando comparado ao varejo físico, que obteve crescimento de 6,8% no mesmo período.

Porém, por maior que seja o crescimento do comércio online, isso não quer dizer que as vendas físicas estão condenadas ao esquecimento. Apesar das comodidades do meio virtual, ainda há setores em que o conforto de ficar em casa não compensa a perda de experiências como provar o caimento de uma roupa ou conferir de perto a aparência de um alimento, para citar alguns exemplos.

Algumas novidades tecnológicas prometem revolucionar o modo como fazemos compras em lojas físicas, facilitando o trabalho do vendedor e diminuindo o tempo gasto em tarefas rotineiras como abastecer a dispensa de casa.

Este artigo apresenta algumas das novidades que em breve devem fazer parte de nossa rotina, e mostra como o meio virtual pode se tornar um parceiro de lojas físicas para fortalecer o comércio e tornar mais fácil a vida do consumidor.

Lojas inteiras dentro do computador

Partindo do comércio online, um campo que promete ganhar espaço no futuro é o das lojas virtuais, em que o consumidor acessa uma versão tridimensional do ambiente de compra e interagie com os produtos e atendentes, tudo no conforto de casa.

Quem aposta nessa tendência tenta aproximar o ambiente virtual do real, trazendo alguns elementos que faltam aos tradicionais sites de comércio online. Não é difícil encontrar situações em que se desiste de uma compra por não haver alguém responsável por responder dúvidas ou por falta de certeza se determinada roupa ou acessório ficaria bem em seu corpo.

Os ambientes online para a compra de produtos prometem introduzir cada vez mais elementos encontrados em universos como o Second Life, em que é possível interagir com ambientes realistas por meio de um personagem que simula as características do usuário.

A combinação desses elementos com a tecnologia da realidade aumentada promete trazer uma experiência muito mais cômoda e acabar com algumas dúvidas comuns nos sites atuais. Não sabe como determinada camisa ou calça vai cair no seu corpo, ou se está comprando o tamanho certo? Nas lojas virtuais do futuro bastará ligar a webcam para ver uma representação realista do produto escolhido na tela do computador.

O celular mostra sua versatilidade

Os smartphones disponíveis no mercado estão cada vez mais poderosos, podendo ser comparados a versões mais simples de computadores domésticos. Pensando nas facilidades de uso e praticidade que smartphones oferecem, empresas como o eBay estão desenvolvendo softwares próprios que permitem ao usuário comprar e vender produtos de qualquer lugar em que estejam.

O celular também apresenta uma alternativa para quem procura mais praticidade na hora de realizar compras em lojas físicas. Um supermercado da Alemanha já permite que clientes utilizem seus aparelhos portáteis como verdadeiros leitores de códigos de barra.

Basta instalar um software próprio e acionar a câmera do dispositivo: uma foto do código de barras do produto selecionado o adiciona automaticamente à lista de compras, mostrando o valor total na tela do aparelho.

Quando finaliza as compras, basta selecionar uma opção para exibir um código de barras na tela do aparelho que, ao ser passado em um leitor especial, desconta o valor direto na conta do usuário.

O supermercado do futuro já existe

A prova de que a tecnologia disponível atualmente já é capaz de modificar o jeito com que fazemos compras é a Future Store (Loja do Futuro, em uma tradução livre), localizada na cidade de Rheinberg, na Alemanha.

Uma experiência patrocinada por marcas como a Intel, Cisco Systems, Coca-Cola, Hewlett Packard, IBM, Kraft Foods, Nestlé, Philips e outros nomes de peso, o supermercado conta com o que há de mais novo em tecnologia para deixar mais cômoda e agradável a experiência de realizar as compras do mês.

A diferença começa logo na entrada: cada carrinho é equipado com um monitor próprio, no qual é possível verificar o preço de cada produto, obter dicas de receitas e utilizar um prático mapa para identificar a localização de cada produto nas estantes.

Caso o cliente assine um plano de fidelidade, ainda tem a possibilidade de fazer o upload de listas de compras feitas online, o que traz mais praticidade à experiência.

Na hora de consultar preços, outra facilidade: em vez dos velhos papéis indicando ofertas e valores cobrados (quem já não deixou de comprar algo por ter dado pela falta do preço?), pequenos painéis eletrônicos informam quanto o cliente vai gastar.

Isso permite modificar os valores de maneira rápida e realizar facilmente ofertas por tempo limitado - que são enviadas para o monitor do carrinho utilizado, permitindo que todos saibam o que está acontecendo.

Quando é preciso pesar frutas, nada de esperar sua vez em filas imensas enquanto aguarda um funcionário realizar o serviço: diversas balanças com câmeras espalhadas pelo mercado reconhecem o tipo de alimento e seu peso, fabricando automaticamente a etiqueta adequada. Em caso de dúvidas, um monitor permite que o usuário selecione qual a fruta correta para pesagem.

Terminais espalhados pela loja permitem que a pessoa aprofunde o conhecimento sobre cada produto disponível, obtendo informações de uso ou comparando preços entre marcas semelhantes. Dessa forma, é possível saber qual vinho comprar para combinar com o prato que se pretende cozinhar no jantar, além de obter alguns detalhes sobre sua história e local de origem.

Porém, o grande destaque da loja é a utilização de etiquetas RFID (Radio Frequency Identification, ou Identificação por Frequência de Rádio), que permitem saber quando está acabando o estoque de algum produto ou se é preciso substituir algo cujo prazo de validade está espirando.

RFID, etiquetas inteligentes que podem ser o futuro das compras

Para entender como funcionam as RFID é preciso comparar a tecnologia com os códigos de barras comuns, encontrados em praticamente qualquer produto disponível atualmente.

Imagine se em vez de ter que passá-los um por um em um leitor próprio, esses códigos de barra fossem capaz de enviar sinais indicando a quais produtos pertencem e sua localização exata? É justamente isso que faz o RFID, proporcionando mais praticidade ao cliente e à loja.

Dessa forma, quando for preciso passar pelo caixa na hora de retirar os produtos da loja, basta ao atendente passar o carrinho por um sensor para identificar em poucos instantes tudo o que se está comprando e o preço total obtido. Assim, não é mais preciso passar pelo processo chato de colocar e tirar as compras do carrinho diversas vezes.

A tecnologia também permite maior segurança, ao permitir que guardas do local verifiquem com maior facilidade atividades suspeitas e evitem roubos. Além disso, seu uso inteligente permite verificar com eficiência o transporte de produtos ou permitir o manuseio de equipamento somente por quem estiver com o uniforme necessário, isso só para citar alguns exemplos.

Como toda nova tecnologia, o RFID gera polêmica por abrir a possibilidade de que a privacidade do cliente seja violada, já que as etiquetas permitem localizar os produtos em qualquer lugar que estejam.

Embora essa seja uma preocupação real, existem soluções como apagar todos os dados sobre o produto assim que o pagamento fosse feito. Porém, isso traria como consequência negativa a impossibilidade de realizar compras mais personalizadas ou facilitar a troca de produtos defeituosos.

Como funciona a tributação sobre os jogos eletrônicos?

Saiba tudo o que você paga ao comprar um game.

Quando falamos sobre pirataria, há algumas semanas, muitas pessoas expressaram a opinião de que se os jogos originais fossem mais baratos, em território nacional, elas deixariam as cópias ilegais de lado. No entanto, constatamos uma grande ilusão por parte de alguns de que o preço baixaria a níveis absurdamente pequenos — mesmo se não houvesse imposto algum, isso não aconteceria.

Afinal de contas, basta fazer um pouco de matemática simples para entender que não veremos o preço de grandes lançamentos por menos de R$ 100,00, mesmo que um milagre faça com que toda a tributação sobre o setor desapareça. Veja abaixo uma comparação feita com o preço padrão de um “blockbuster”:

  • Estados Unidos — 50 dólares — R$92,73 (utilizando a taxa de câmbio de 11/02/10)

Se adicionarmos o lucro do vendedor, e assumindo que exista apenas ele de intermediário, cem reais é o mínimo que seria atingido; ou seja, nada dos 30 ou 40 reais que muitos acham “justo” para um título cujo investimento de produção foi de milhões de dólares.

Você gostaria de comprar Mass Effect 2 por cem reais?

Tributos

Fazendo as contas

Mas então por que um game no Brasil é vendido a exorbitantes 250 reais, ainda considerando um grande “blockbuster”? Para entender, vamos fazer algumas contas. Abaixo segue uma pequena lista dos tributos que incidem sobre uma cópia de um jogo eletrônico, de acordo com a pesquisa que realizamos:

  • Imposto de Importação: 20%
  • Imposto sobre Produtos Industrializados: 30%
  • PIS/Cofins: 9,25%
  • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços: 18 - 25%

Esses são apenas os impostos, e não contam os custos de importação — tentamos obter esses de algumas empresas que comercializam games no Brasil, mas não recebemos resposta em tempo de inseri-las neste artigo. Ou seja, transporte, lucro de intermediários, fretes e outros gastos nesse sentido não estão sendo contabilizados.

Peguemos o preço obtido acima, R$ 92,73. Com toda a tributação — que se aplica cumulativamente, na ordem exposta — o preço passa a R$ 157,35. Ou seja, mesmo que ninguém esteja lucrando nada, e todos os envolvidos estejam trabalhando de graça (o que é um cenário absurdo e exclusivamente hipotético), este é o preço de um jogo, para que entre de forma legal no país.

Nem a foice de Dante consegue cortar os preços

Se passarmos a um cenário simulado, puramente para fins de exercício mental, no qual existem três envolvidos — uma distribuidora internacional, uma distribuidora nacional e a loja na qual a cópia está sendo vendida — e cada um deles coloca em cima do preço a que recebe o produto um lucro de 10%, a coisa fica ainda mais compreensível (todos os valores abaixo são aproximados):

Os R$ 92,71 passam a R$ 101,98 antes mesmo de entrar no Brasil. Aí incidem os impostos, que levam o game a R$ 185,78. A distribuidora nacional então incute seus custos e lucro, aumentando esse valor para R$ 204,38. A loja então embute seus lucros, e o preço que você na prateleira é o de R$ 224,81. Parece familiar? Isto porque nossa situação hipotética é bastante modesta.

Indignação

Você pode estar pensando, a essa altura: “mas isso é uma tremenda pilantragem!”. E com razão, já que o preço mais do que dobrou — o preço final de nosso exercício mental realizado acima é 242,50% maior do que o preço original do produto; sendo que, ao ser vendido por 50 dólares no exterior, a cópia já levou em consideração a produção, fabricação e distribuição do game por lá.

A situação é ainda pior quando consideramos que não existe indústria nacional para substituir os produtos que estão sendo taxados. Ou seja, existe uma proteção a uma indústria praticamente inexistente, que não se beneficia dessas medidas. Se mais games entrassem no Brasil, inclusive, as empresas de fora poderiam instalar-se aqui e trazer tecnologia que seria absorvida pelas companhias nacionais.

Consoles sofrem ainda mais

Já que levantamos o assunto de consoles, vale lembrar que as plataformas sofrem ainda mais do que os games. Isto porque os impostos são mais altos e os custos de transporte, armazenamento e logística em geral para a vinda deles ao Brasil é ainda maior. Façamos algumas contas como as que fizemos para games acima:

  • PlayStation 3 Slim 120Gb nos Estados Unidos — 299,99 dólares — R$ 556,24 (com a cotação de 10/02/10).

Os impostos incidentes sobre as plataformas seguem abaixo:

  • Imposto de Importação - 20%
  • Imposto sobre Produtos Industrializados - 50%
  • PIS/Cofins - 9,25%
  • Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - 18 - 25%

Ou seja, os consoles pagam muito mais IPI e um Imposto de Importação ligeiramente maior. Mas, como são mais caros que um game, o resultado é ainda maior. Sem contar custos adicionais, assumindo mais uma vez que as pessoas trabalhem de graça, o custo sobe para algo em torno de R$ 1367,31 após os impostos. Já é quase três vezes o preço original. No entanto, existe um porém.

Se verificarmos o preço de um PS3 Slim em diversas lojas, ele é encontrado por algo em torno de R$ 1399,00. Ou seja, a margem de lucro em cima deles é bem menor, e os custos são aliviados através da produção em massa. Além da política de ganhar dinheiro em cima de games, e não de consoles, obviamente.

Se comparado aos games, ele até que sai por um preço razoável...

Se adicionássemos os lucros e custos dos intermediários, o preço subiria ainda mais! Ou seja, embora não tenhamos nenhuma resposta oficial, imaginamos que os consoles são vendidos aos distribuidores internacionais a um preço inferior ao que vemos acontecer com os game; cujo preço é proporcionalmente muito maior para nós, se comparado ao de consoles.

Mas nós entramos direto nos cálculos e mostramos muitos números, sem dizer por que eles são desse jeito. Então aproveitemos a nossa deixa sobre a indústria nacional e passemos a uma breve explanação sobre a razão de ser de tanta tributação sobre um de nossos hobbies favoritos.

Razões

Quem quis assim?

Como bem sabemos, a indústria da informática é um ramo relativamente novo, especialmente no Brasil. Assim, as leis que discorrem sobre o assunto surgiram, na forma como as conhecemos hoje, apenas na década de 90. A Lei nº 8248, de 23 de outubro de 1991, “dispõe sobre a capacitação e competitividade do setor de informática e automação, e dá outras providências”, segundo seu próprio texto.

Nela, existem inúmeras disposições sobre benefícios, incentivos e outras definições do setor, mas deixa de lado os jogos eletrônicos em específico. Por isso, surgiu em 2007 um projeto de lei do deputado Carlito Merss, que visava incluir os games nos benefícios concedidos pela lei supracitada. Ou seja, haveria apoio legal à indústria.

No entanto, o projeto não parece ter ido adiante e infelizmente continuamos a ter uma tributação pesada sobre o mercado de jogos eletrônicos. Segundo o projeto de lei do deputado, o preço de um console pode chegar a 257% do valor FOB — free on board, estilo de importação largamente utilizado e que representa o preço do produto na hora em que está no navio pronto para ser encaminhado ao destino.

A razão principal para tamanha tributação consiste da aplicação de um princípio de direito tributário: o da essencialidade. De acordo com esse princípio, produtos que não sejam essenciais, como o próprio nome indica, sofrem tributação maior.

Art. 1º Aplicar medida de salvaguarda, sob a forma de elevação da alíquota do imposto de importação, por meio de adicional à Tarifa Externa Comum - TEC, sobre as importações de brinquedos acabados a seguir relacionados, classificados nos respectivos códigos tarifários, de acordo com o seguinte cronograma:

[...]

9504.10.10 Jogos de Vídeo, exceto peças e componentes para fabricação dos brinquedos desta posição

9504.10.91 Cartuchos, exceto peças e componentes para fabricação dos brinquedos desta posição

9504.10.99 Outras partes e acessórios, exceto peças e componentes para fabricação dos brinquedos desta posição

Ou seja, jogar video game não é um direito, muito menos algo essencial ao cidadão brasileiro. E, aos olhos de nosso ordenamento jurídico, é até mesmo menos importante do que outras formas de entretenimento que possuem incentivos e regulamentações muito mais apropriados e bem pensados.

O caminho de um produto

Desde o desenvolvedor até a loja

Um dos objetivos iniciais de nosso artigo era explicar passo a passo o caminho percorrido por um título, desde sua criação até a chegada às lojas de varejo. Porém, inúmeras das empresas brasileiras de distribuição já não possuem assessoria de imprensa ou informações concretas nesse sentido. Portanto, precisaremos adiar e estender um pouco mais a pesquisa para trazer dados concretos.

O que já podemos adiantar é que o caminho é longo, e cheio de obstáculos. Desde a saída do software da empresa de desenvolvimento, o envio a uma empresa que o coloca em discos e cria as cópias, a manufatura das embalagens, a distribuição aos diferentes mercados... Ou seja, realmente é algo que precisa de informações precisas, e não vale a pena trazê-las fragmentadas. Quem sabe em um futuro próximo não conseguimos condensar as informações e trazê-las em formato conciso.

Solução

Existe uma?O governo ri à toa e embolsa a grana

Difícil dizer, mas o primeiro passo consiste, sem dúvida nenhuma, de uma análise do cenário da indústria brasileira de video games — realizada pelo próprio governo ou apresentada a ele por alguém. Somente a partir daí poderão ser tomadas decisões sensatas. Com um estudo desse tipo, o governo perceberá rapidamente que os profissionais capacitados que nosso país forma acabam indo ao exterior para encontrar posições dignas de sua formação.

Ao diminuir os impostos e permitir uma maior inserção das empresas e dos produtos internacionais no mercado interno, a custos mais baixos, o governo fomenta a indústria e permite que o consumidor em geral passe a apoiar os esforços genuínos, ao invés de recorrer à pirataria.

Mas esperar que a resposta venha do céu — ou, para ser mais exato, do governo — não adianta muito. O esforço deve partir principalmente das pessoas envolvidas no ramo, na forma de cobranças e apoio àqueles que têm o poder de mudar alguma coisa. Até lá, vamos continuar a pagar muito mais ao nosso governo do que às pessoas que de fato criaram o produto.

Banner

Banner